segunda-feira, 20 de junho de 2011

"One by one"

Desde que conheci os Strokes, quando tinha de 13 pra 14 anos, pouco pude acompanhar deles. Primeiro porque eu não tinha internet, e segundo porque quando consegui realizar o sonho da internet própria eles anunciaram que precisavam de um tempo. Quanto tempo? Quase cinco anos. Durante esse “tempo” alguns devem ter desistido da banda, mas eu, ao contrário, resolvi investir nela, fazendo uso desse tempo para conhecê-los melhor e conhecer quem os conhecia – outros fãs –, e graças a essas pessoas os anos se passaram com um tom mais suportável. Graças aos projetos solo dos integrantes também, e é engraçado falar sobre essas novas bandas que se formaram durante o hiato dos Strokes, porque eu tinha medo que a banda em si nunca mais voltasse, e que as novas bandas deles fossem o motivo disso.

Começou com o Albert Hammond Jr, nos primeiros anos sem Strokes ele foi toda a música atual (e por atual eu digo recém lançado) que eu tinha e estas músicas dele eram as meninas dos meus olhos, eu queria ouvi-las todos os dias, todas as horas, em todo instante. Ainda hoje gosto de fazer isso: dormir aconchegantemente ao som de Cartoon Music for Superheroes e acordar alegre ouvindo Holiday. O segundo disco do Albert foi mais pesado, eu estava no ensino médio nessa época, e elas eram o tipo de música que eu gostava de ouvir a tarde inteira, tardes vazias, que graças ao Albert eu consegui preencher com dignidade.

Finalmente em 2008 eu tinha outro novo prazerzinho pra me satisfazer. Só em pensar o nome da banda sinto cócegas cérebro e a única vontade que me dá é vontade de sorrir – smiles from ear to ear. Fabrizio foi um dois pais do Little Joy, e o Little Joy foi uma das coisas mais mágicas que me aconteceu. Fab, Binki e Rodrigo não devem imaginar metade disso, mas com eles eu aprendi tantas coisas que não daria para listar aqui, ainda seria injusto listá-las, porque não haveria como incluir os tantos sentimentos bonitos que ainda não conhecia, sentimentos que de tão bonitos, não possuem sequer um nome.

No ano seguinte, quando eu achava que não tinha mais espaço em mim para outra banda nova ou projeto solo, eis que o Nikolai aparece com Nickel Eye, responsável por muitos insights. Cada vez que ouço o disco, descubro uma música que fala diretamente para mim, se encaixando perfeitamente com o momento que estou vivendo. Particularmente, acho isso genial. Se há uma palavra que descreve Nickel Eye em sua totalidade, essa palavra é, de fato, “genial”. Time of the Assassins foi o primeiro disco em vinil que eu comprei com meu próprio dinheiro. Sim, eu fiz questão que ele fosse o primeiro.

Traçado todo esse histórico de projetos solo, estamos feitos, e tudo estava pronto para a volta dos Strokes, certo? Não. Porque nem tudo estava pronto. A maior surpresa que tive durante o hiato dos Strokes foi esta: um disco assinado unicamente por Julian Casablancas. Dentre todos os discos lançados nessa época de pausa, foi justamente o do Julian, letrista dos Strokes, que me causou estranhamento. Não me desciam os sintetizadores. Para o estranhamento se esvair, percebi que precisava focar naquilo que eu sei que o Julian é mestre: suas letras. Dito e feito, o Jules nunca vai decepcionar com as letras dele. Foi entendendo as letras que passei a entender as melodias, e entendi até os sintetizadores. Ouvir as músicas desse disco estão no top 5 de vontades que vêm do nada. Por falar em top 5, não me peçam, por favor, nunca, jamais para classificar os projetos solo por ordem de afetividade. Eu sou realmente incapaz de fazer isso.

E agora, tudo certo pros Strokes voltarem de uma vez? Não. Nick Valensi, como todos nós, fãs, ficou bravo com seus companheiros de banda, resolveu de última hora realizar um projeto só seu também, ele organizou suas fotografias para um livro... haha, brincadeira.

When It Started

Tenho me sentido mal nos últimos dias, e acho que preciso escrever sobre os Strokes, preciso me lembrar o significado que eles têm pra mim. Por mais que textos assim sejam super melosos e desnecessários, está sendo necessário hoje. Pois preciso me convencer de que eu devo sorrir cada vez que olhar pros ingressos que tenho em mãos, porque esperei tanto tento pra isso acontecer, então por favor, não julguem como egoísmo se eu tento aproveitar cada mínima empolgação que esses recentes acontecimentos vêm me proporcionando.

Hoje em dia todo mundo que aprecia música tem aquela banda querida. Gostamos de várias outras bandas, mas aquela é a que gostamos de acompanhar as novidades, que ficamos felizes quando alguém elogia e tomamos as dores quando falam mal. Ela tem aquelas músicas que te fazem chorar quando você está sensível e que são as únicas capazes de te fazer bem quando você sente que tudo ao seu redor está se despedaçando. No meu caso, essa banda foi especial porque foi a primeira banda que fez com que eu olhasse para mim mesma e percebesse quem eu queria realmente ser, a banda que desde a primeira vez que ouvi, pensei “hey, isso é bom, isso faz sentido pra mim.”

Na verdade, The Strokes foi uma das primeiras coisas a fazer sentido na minha vida. Não consigo me lembrar de algo que gostei antes deles por simplesmente ter gostado, sempre havia aquilo de “gosto porque acham bonitinho que eu goste; gosto porque é fácil gostar; gosto porque todo mundo gosta.” Fui inconscientemente agindo assim até a época em que descobri os Strokes – descobrimento ainda guiado pelas influências que as pessoas ao meu redor exerciam sobre mim, já que os descobri através da pseudo-obsessão que eu tinha pelo ator de Harry Potter, mas no fim das contas, foi assim que acabei me livrando dessa vida, vamos assim dizer, equivocada.

De 2005 até hoje, as minhas – e só minhas – escolhas me garantiram novos confortos, novas alegrias, novos amigos, novas tristezas, novas frustrações, novos sentimentos novos (redundante, mas é exatamente isso), e a maioria dessas escolhas tiveram influência direta daquela primeira, responsável por me fazer decidir me livrar dos equívocos e começar a ser a condutora efetiva da minha própria vida; eu decidi que queria tentar viver tendo sempre boas músicas comigo, músicas tão grandiosas que conseguem significar algo maior de que elas mesmas.

Sinto muito pelos que não entenderam o que eu quis dizer nos parágrafos anteriores (mas não os condeno, caso contrário estaria condenando meus próprios pais). Realmente não há nada explicado nas palavras acima, mas os sentimentos são assim: se tentarmos explicá-los mil vezes, iremos falhar vergonhosamente nas mil tentativas. Então contar os fatos como eles são é minha única ferramenta para tentar reproduzir esse sentimento nos outros, e o sentimento que tenho pelos Strokes, que é perfeitamente compreensível para mim, tenho certeza, é também compreendido por quem gosta de verdade de alguma banda, seja lá qual for o motivo, desde que seja.